sábado, 19 de dezembro de 2009

COP-15: Países perdem oportunidade de dar novo rumo ao meio ambiente

O mundo viveu nos últimos dias a expectativa de celebrar um momento histórico na luta em defesa do meio ambiente, com a adoção mundial de metas mais ousadas contra o aquecimento global.

No entanto, a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), centro das discussões sobre o tema entre 193 chefes de Estado, que terminou ontem, 18, não atingiu o resultado esperado.

A COP-15 começou com o objetivo de garantir que, ao final do encontro, a soma das metas anunciadas pelos países ricos garantisse uma redução de, pelo menos, 25% nas emissões de gases de efeito estufa, considerando os dados de 1990.

Mas, depois de horas de discussão, os 193 países encerraram uma fracassada negociação ao “tomar nota” do acordo que havia sido aprovado por Estados Unidos, China, Índia, Brasil e a África do Sul. Isso significa, segundo especialistas, que o acordo não teve a unanimidade de que precisava para vigorar, mas que, ainda assim, pode ser aplicado.

Mais uma vez o presidente Lula teve fundamental papel de mediador entre os ricos e os emergentes e recebeu, em seu hotel, Nicolas Sarkozy (França), Angela Merkel (Alemanha) e Gordon Brown (Reino Unido), além do premiê chinês, Wen Jiabao.

O brasileiro também chegou a oferecer contribuição financeira para o Fundo Global de Mudanças Climáticas para ajudar os países pobres a adotar medidas pelo clima. “Estamos dispostos a participar do financiamento se nós nos colocarmos de acordo numa proposta final, aqui.” Não funcionou. Por fim, tentou conciliar os gigantes poluidores, Wen e o americano Barack Obama, na busca de uma linguagem adequada para atender aos dois antagonistas, no texto final. À noite, todos os líderes deixaram Copenhague visivelmente insatisfeitos, embora com a certeza do acordo.

Durante a madrugada, o diálogo só piorou. O texto pré-aprovado por, no total, 30 países ricos, emergentes ou em desenvolvimento, foi barrado por países como Tuvalu, Venezuela, Bolívia, Cuba e Sudão. Houve intensos debates.

Já neste sábado, o presidente da Conferência, o primeiro-ministro dinamarquês Lars Lokke Rasmussen, fez uma pausa de algumas horas na sessão, para consultar com os advogados uma possível saída. O meio encontrado foi a “tomada de nota” que, de acordo com o diretor da ONG Union of Concerned Scientists (União dos Cientistas Preocupados, em inglês), Alden Meyer, significa que “há status legal suficiente para que o acordo seja funcional, sem que seja necessária a aprovação pelas partes”.

O acordo pré-aprovado – que Obama definiu como “insuficiente” – trazia como metas limitar o aquecimento global a 2ºC e criar um fundo que destinaria US$ 100 bilhões todos os anos para o combate à mudança climática – sem nenhuma palavra sobre metas para corte em emissões de CO2, a grande expectativa da cúpula, que era pra ser a maior do século.

Já ontem, diante do inevitável fiasco de Copenhague, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, convocou uma nova reunião para Bonn, na Alemanha, em junho. A próxima COP está marcada para dezembro de 2010 no México.

A falta de unanimidade no acordo, no entanto, não retira a importância da realização da Conferência. O presidente Lula já dizia, durante o encontro que esse momento de extrema divergência entre as partes abre caminho para uma decisiva participação dos líderes políticos com o objetivo de se evitar o fracasso da COP 15: “Seria imperdoável para a humanidade que nós jogássemos fora Copenhague. Não importa o que aconteceu até agora; nós queremos tirar proveito de tudo aquilo que já foi produzido de bom e queremos dar um grande sinal ao mundo de que nós seremos capazes de construir uma proposta que atenda aos interesses da humanidade (…) e que proporcionalmente cada país assuma a responsabilidade que lhe é de direito”.

Com informações da Folha Online e do Vermelho.

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